• Elza Férrer • CRP - 21/02580.

    Neuropsicologia e Aprendizagem

    O Conselho Federal de Psicologia define a atuação do Neuropsicólogo (Resolução CFP n. 23/2022), como a área de atuação da Psicologia referente à relação entre as funções do sistema nervoso e o comportamento humano, utilizando, para tanto, conhecimentos e construtos teóricos relacionados a neurociências, a avaliação psicológica e a Psicologia do Desenvolvimento.

    O pai da neuropsicologia, Alexander Luria, a define enquanto ciência da organização cerebral dos processos mentais, que tem como objetivo específico investigar o papel dos sistemas cerebrais nas formas complexas de atividades mentais. É a ciência que estuda a expressão comportamental das disfunções cerebrais.

    O cérebro organiza-se durante o período de desenvolvimento embrionário e nele mantém a plasticidade que lhe permite uma contínua reorganização. Até os 6 anos de idade ocorre rápido crescimento e maturação. A estimulação ambiental influencia a conectividade e a densidade de redes neurais relacionadas à aprendizagem.

    As informações chegam no corpo humano através de receptores específicos onde inicia-se um circuito, em que a informação vai passando de uma célula a outra, até chegar no córtex cerebral, responsável por seu processamento.

    Então, a aprendizagem dar-se no Sistema Nervoso Central (SNC), ou seja, no cérebro, cerebelo e medula. Quando uma informação conhecida chega ao SNC, esta gera uma lembrança, porém, quando ela é inteiramente nova, nada evoca, consequentemente produz uma mudança, que é a aprendizagem.

    O indivíduo não de desenvolve com o tempo, se não possui instrumentos para um desenvolvimento pleno de suas aprendizagens diante das experiências cotidianas. Por isso, se a criança não está apresentando um desenvolvimento dentro do que é esperando para a sua faixa etária, é importante buscar ajuda o mais rápido possível, pois quanto mais cedo ela receber estímulos adequados para o seu desenvolvimento, melhor o prognóstico.

    Falas conhecidas como: “Toda criança tem seu tempo” ou “Com o passar do tempo ela melhora”. São frases perigosas, pois a criança precisa de estímulos o mais cedo possível para desenvolver suas habilidades, ela precisa de ajuda adequada, e sozinha sem um plano de intervenção específico, a probabilidade de apresentar uma dificuldade de aprendizagem torna-se maior.

     

    Referências:
    CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 23, de 13 de outubro de 2022, Distrito Federal, p. 1-24, 13 out. 2022.

    COSENZA, Ramon M.; GUERRA, Leonor B. Neurociência e educação: Como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.

    GROSSI, Márcia Gorett Ribeiro et al. Uma reflexão sobre a neurociência e os padrões de aprendizagem: A importância de perceber as diferenças. Debates em Educação, Maceió, ano 2014, v. 6, n. 12, p. 93-111, 29 dez. 2014. DOI https://doi.org/10.28998/2175-6600.2014v6n12p93.

    ROTTA, N.T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. São Paulo: ArtMed Editora, 2016.

    SAÚDE das crianças. In: OPAS. Organização Pan-Americana de Saúde (org.). Saúde das Crianças.